O velho tempo passa depressa
e com ele nós no dia a dia
nem nos damos conta
o cabelo fica branco rugas pintam
o passo é mais lento
somos chamados de tio
as lembranças são nosso alento
passamos como vento sem nos dar conta
da conta que nem prestamos ainda
não aceitamos a matemática do um mais um
e queremos na verdade ser a eterna criança
a visão já meio turva faz perder a curva
no passo meio lento ao caminhar
quando o pé tropeça no tapete.
a roupa suja de sorvete
somos novamente crianças
os filhos tomam conta
a mulher as voltas tonta
com remédios prédios
que nos viram crescer
nem existem mais e os mais altos
são para muitos de nós grande monstro
que só de olhar nos deixa tontos
amigos esses também nos encontram
e notamos nas suas fisionomias surpresas
afinal envelhecemos engordamos ficamos
calvo muitas vezes até os nomes esquecemos.
eu como muitos de vocês encontro-me
com meu note e a sós falamos
dele ouço respostas as perguntas sem respostas
feitas aos que não ouvem o pessoal mais idoso
como sou saudosista ainda corro
como antigamente no meu cavalinho imaginário
sou cavaleiro cavalinho correndo descalço
subindo nas arvores e nos bancos das praças
sonho sonhos de menino no azul do céu
minha pipa verde e branca ganha altura
levando recados a namorada
sim recados por ter vergonha
de frente a frente dizer que a amo
tenho medo sabe do pai dela
que tem olhos para mim
como de um cão feroz.
a velha professora
pede-me o caderno de temas
bem eu não fiz o mesmo e..
o velho quadro negro sei me espera
e com ele a risada dos colegas
o pó do giz não me agrada
e ouço então a velha
frase: escreva vinte vezes.
não devo esquecer de fazer meu tema
é gente o tempo passa
a velha mãe com avental sujo de ovo
ficou no verso a goiabeira que de tanta fruta
sujava o quintal nem da mais doces goiabas
o estreito espaço que eu jogava e parecia um
Maracanã deu lugar a outra casa
Vulcão era um cão feroz do tio
muitas vezes eu levava algumas chicotadas com sua coleira
a cada ano eu ouvia o choro de um mano novo que nascia e la ia eu
comunicar a vizinhança e dizia: nasceu meu irmão temos mais um
criadinho as ordens era assim que se dizia alguém lembra?
gente hoje a modernidade traz coisas muito boas
mas apareceram tantas coisas ruins
a água do poço era saudável cadeiras com as pessoas
ficavam até tarde na rua no carnaval tínhamos nossos blocos
nos bairros os pães caseiros os domingos e as reuniões dançantes
os antigos rádios as galenas alguém do face viu alguma?
eu ouvi a copa de 1950 numa
velhos programas de auditório as novelas no rádio
a troca de gibis no cinema as compras
nos antigos armazéns por isso com erros de
português por deixar de fazer os temas tento hoje colocar nas linhas
que escrevo a saudade o amor e tudo que esse velho coração safenado
traz guardado peço perdão pelo desabafo são agora 23:22 hs as luzes
estão apagadas só meu note eu e a presença de vocês na minha
imaginação mando um beijo ao meu velho pai que partiu cedo demais a
minha mãe que abreviou sua passagem hoje lembrei que numa crise de
coqueluche ai por 1950 ela levava-me para tomar leite de égua porque
diziam curava eu até gostava era bem docinho
abraço nos filhos Paulo, Denise,Marcelo, Graziela e Cássio. Nos netos
Audrey , Matheus, Michael, Antonia, Fabricio, Eduarda e Maiara. Um
grande abraço a todos amigos e amigas do face.
Antonio Campos 19/08/12.